domingo, 19 de fevereiro de 2012

Um outro tipo de montanha, um outro tipo de esqui

No ano passado, Clément e eu fomos passar um final de semana de esqui nos Alpes, e eu contei tudo para vocês neste post aqui. Este ano, também tivemos um fim-de-semana nas montanhas, mas foi um tantinho diferente: um outro tipo de montanha, um outro tipo de esqui.  

Fomos a uma cidadezinha chamada Chapelle des Bois, no maciço do Jura, uma cadeia de montanhas que fica ao noroeste dos Alpes, na divisa entre a França e a Suíça. O Jura é uma cadeia de montanhas mais baixa que os Alpes, seu ponto culminante é o Crêt de la Neige, com 1720 metros, o que pode parecer um pouco nanico ao lado do Mont Blanc e seus 4810 metros. Sendo mais baixas, as montanhas do Jura são menos íngremes, e portanto menos propícias à prática daquele esqui de "descer montanhas", que é o que mais estamos acostumados a ver, e que não por acaso aqui na França é chamado de esqui alpino. No Jura, o tipo de esqui que é mais praticado chama-se esqui de fundo ou esqui nórdico, e é basicamente um esqui de distância: as pistas te levam por um passeio pelas montanhas, com direito a metros e metros de pista lisinha e plana, mas também subidas e descidas no caminho. E tudo isto, com os seus esquis, nada de teleférico.

Antes de vir para cá, eu nem fazia ideia que este tipo de esqui existia. Para mim, esqui era descer montanhas e pronto. O esqui de fundo é bem menos popular que o esqui alpino, acho eu que por duas razões: menos velocidade e adrenalina, e muito mais fôlego e preparo físico. Não é para qualquer um. Mas como vocês sabem, meu caro marido e sua família são esportistas natos. Clément começou no esqui de fundo com 4 ou 5 anos. Meus sogros há anos e anos participam de uma corrida chamada Transjurassienne, que são 76 quilômetros de esqui pelas montanhas do Jura, todo mês de fevereiro. E aí que o Clément resolveu seguir os pais e fazer neste ano o seu "début" na Transju (apelido carinhoso da corrida).

No final de janeiro, fomos então passar o final de semana no Jura para que o Clément pudesse ter um treino um pouco mais próximo da realidade do que andar de patins in-line pelas ruas de Paris. Não me meti a esquiar desta vez, afinal nunca tentei este tipo de esqui e eram só dois diazinhos, muito curto. Aproveitei para passear pela cidade, que na verdade é um vilarejo: sabem que gosto mais destas cidadezinhas do Jura do que das estações de esqui dos Alpes ? Ali, tudo é mais simples, menos badalado, mais autêntico. Como o Jura é mais baixo que os Alpes, tem florestas de pinheiros por todos os lados, o que deixa as paisagens muito mais bonitas, então é gostoso só sair andando pela neve e admirando a paisagem. Para me distrair, no domingo de manhã estava rolando uma corrida de 40 km, e à tarde uma corrida para crianças – muito fofo aqueles toquinhos de gente esquiando.

Pista de esqui de fundo no Jura
Pista de esqui de fundo no Jura
Vista da igrejinha de Chapelle des Bois
Sopa das montanhas, para esquentar...
Envolée Nordique, corrida de 40 km
Envolée des Moineaux, a corrida das crianças
Pistas de Chapelle des Bois (não, gente, quase nada frio, este nariz vermelho é so impressão)
Para esquentar os pés, esqueçam a elegância: Moon Boots e sua camada de espuma para salvar os seus dedinhos do congelamento!
E no final de semana passado, Clément esteve por lá novamente, para a tão esperada Transju, que ele completou em 6 horas e 40 minutos, com muito frio e vento gelado na cara. Pior que acho que ele gostou, né, então quem sabe no ano que vem não teremos mais alguns dias de esqui de fundo e Jura pela frente ?

Transjurassienne 2012 (Fonte: lamontagne.fr)
(Ah, reparem que o Clément tem um « protege-pescoço » com a bandeira do Brasil. Isto deve provocar vários pontos de interrogação na cabeça de quem vê ele passar, não acham ?)

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