No ano
passado, Clément e eu fomos passar um final de semana de esqui nos Alpes, e eu contei tudo para vocês neste post
aqui. Este ano, também tivemos um fim-de-semana nas montanhas, mas foi um tantinho diferente: um outro tipo de montanha, um outro tipo de esqui.
Fomos a uma cidadezinha chamada Chapelle des Bois, no maciço do Jura, uma cadeia de montanhas que fica ao noroeste dos Alpes, na divisa entre a França e a Suíça. O Jura é uma cadeia de montanhas mais baixa que os Alpes, seu ponto culminante é o Crêt de la Neige, com 1720 metros, o que pode parecer um pouco nanico ao lado do Mont Blanc e seus 4810 metros. Sendo mais baixas, as montanhas do Jura são menos íngremes, e portanto menos propícias à prática daquele esqui de "descer montanhas", que é o que mais estamos acostumados a ver, e que não por acaso aqui na França é chamado de esqui alpino. No Jura, o tipo de esqui que é mais praticado chama-se esqui de fundo ou esqui nórdico, e é basicamente um esqui de distância: as pistas te levam por um passeio pelas montanhas, com direito a metros e metros de pista lisinha e plana, mas também subidas e descidas no caminho. E tudo isto, com os seus esquis, nada de teleférico.
Antes de vir para cá, eu nem fazia ideia que este tipo de esqui existia. Para mim, esqui era descer montanhas e pronto. O esqui de fundo é bem menos popular que o esqui alpino, acho eu que por duas razões: menos velocidade e adrenalina, e muito mais fôlego e preparo físico. Não é para qualquer um. Mas como vocês sabem, meu caro marido e sua família são esportistas natos. Clément começou no esqui de fundo com 4 ou 5 anos. Meus sogros há anos e anos participam de uma corrida chamada Transjurassienne, que são 76 quilômetros de esqui pelas montanhas do Jura, todo mês de fevereiro. E aí que o Clément resolveu seguir os pais e fazer neste ano o seu "début" na Transju (apelido carinhoso da corrida).
No final de janeiro, fomos então passar o final de semana no Jura para que o Clément pudesse ter um treino um pouco mais próximo da realidade do que andar de patins in-line pelas ruas de Paris. Não me meti a esquiar desta vez, afinal nunca tentei este tipo de esqui e eram só dois diazinhos, muito curto. Aproveitei para passear pela cidade, que na verdade é um vilarejo: sabem que gosto mais destas cidadezinhas do Jura do que das estações de esqui dos Alpes ? Ali, tudo é mais simples, menos badalado, mais autêntico. Como o Jura é mais baixo que os Alpes, tem florestas de pinheiros por todos os lados, o que deixa as paisagens muito mais bonitas, então é gostoso só sair andando pela neve e admirando a paisagem. Para me distrair, no domingo de manhã estava rolando uma corrida de 40 km, e à tarde uma corrida para crianças – muito fofo aqueles toquinhos de gente esquiando.
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Pista de esqui de fundo no Jura |
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Pista de esqui de fundo no Jura |
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Vista da igrejinha de Chapelle des Bois |
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Sopa das montanhas, para esquentar... |
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Envolée Nordique, corrida de 40 km |
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Envolée des Moineaux, a corrida das crianças |
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Pistas de Chapelle des Bois (não, gente, quase nada frio, este nariz vermelho é so impressão) |
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Para esquentar os pés, esqueçam a elegância: Moon Boots e sua camada de espuma para salvar os seus dedinhos do congelamento! |
E no final de semana passado, Clément esteve por lá novamente, para a tão esperada Transju, que ele completou em 6 horas e 40 minutos, com muito frio e vento gelado na cara. Pior que acho que ele gostou, né, então quem sabe no ano que vem não teremos mais alguns dias de esqui de fundo e Jura pela frente ?
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Transjurassienne 2012 (Fonte: lamontagne.fr) |
(Ah, reparem que o Clément tem um « protege-pescoço » com a bandeira do Brasil. Isto deve provocar vários pontos de interrogação na cabeça de quem vê ele passar, não acham ?)