domingo, 20 de janeiro de 2013

Paris sob a neve

O ano de 2013 começou gelado em Paris... E a neve acabou dando as caras. E que caras, desde 1997 que não nevava tanto em Paris quanto nevou neste fim-de-semana. 

Aproveitamos o domingo para passear um pouquinho na cidade com este clima totalmente atipico, e tirar algumas fotos do meu monumento preferido!

Vista da janela do apartamento. Lavanda sob a neve, coitadinha...

Minha rua

Moulin Rouge


Reparem na neve acumulada na estrutura da Torre




quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Petit post: emprego outonal


Estive estes dias na Alemanha e as folhas pelo chão estão por todo lado... Aqui em Paris também, claro, mas lá as estações são ainda mais marcadas. Aí eu topei umas duas vezes com um pessoal fazendo um trabalho um tanto inusitado, e lembrei que tinha tirado foto disto aqui na França no ano passado.

Apresento então para vocês, o soprador de folhas outonais:



Tirando o frio, parece divertido ficar soprando folhas... :-)

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Macarons - a receita com passo-a-passo


Vocês conhecem macarons? Aqueles docinhos lindos e deliciosos que estão na moda há alguns anos aqui na França (quando morei aqui em 2003-2005, não se via tanto macaron e livro de macaron e curso de macaron em todo lugar, como é o caso agora) e se espalhando pelo mundo. Fiquei sabendo que a Ladurée abriu uma loja em São Paulo e que os bichinhos são vendidos a R$10 a unidade (aqui na França os da mesma “marca” custam um pouco menos de 2€).


Então, aí que no final do ano passado eu resolvi que ia aprender a fazer macarons. Mas como macaron não é algo simples de fazer, tem que conhecer as técnicas, os macetes, etc, etc, decidi fazer um curso, em uma das tantas escolas de cozinha com aulas rápidas, para amadores, que também florescem aqui em Paris. O curso durou duas horas, o suficiente para aprender os principais passos e truques, e depois o negócio é tentar, tentar, tentar. Na minha quarta tentativa os macarons ficaram bem razoáveis, e eu fui fotografando o passo-a-passo para colocar aqui no blog. Isto foi ano passado, e eu fui enrolando, enrolando, enrolando e não publiquei nada. Mas agora aticei a vontade das minhas amigas aí no Brasil, e principalmente da Ligia, que é doceira de mão cheia desde os tempos do pavê de sonho de valsa (um clássico do nosso colegial). Então aqui vai a receita e o passo-a-passo para a Ligia e para quem mais resolver se aventurar!

Ingredientes (para mais ou menos 30 macarons):
130g de clara de ovo (mais ou menos 4 ovos)
90g de açúcar refinado
150g farinha de amêndoas (amêndoas trituradas - em pó)
210g de açúcar de confeiteiro
1 pitada de corante em pó (opcional)

Dica n° 1: Providencie uma balança. Eletrônica, de preferência. Como vocês podem ver, francês não brinca com as quantidades nas receitas de pâtisserie (doces).

Dica n° 2: Separe a clara e a gema dos ovos alguns dias (pelo menos dois, e até uma semana) antes de fazer os macarons, guarde as claras em um tupperware fechado na geladeira.  Este tempo de repouso faz com que a albumina do ovo perca a elasticidade,  o que facilita para batê-las em neve e evita que a massa empelote. Tirar as claras da geladeira uma hora antes da utilização. (Risco de salmonela? Não, porque o problema é a gema, e além do mais tudo vai ao forno no final) (Bom, pelo menos aqui na França isto funciona...)

Dica n° 3: Utilize sempre corante em pó, o corante líquido dá umidade à massa, o que não é bom para conseguir que a casquinha fique crocante.

Modo de Preparo

1) Misture a farinha de amêndoas e o açúcar de confeiteiro, com um liquidificador ou mixer. O objetivo é obter um pó bem fino. Passe a mistura em uma peneira. Reserve.



2) Em um outro recipiente, coloque as claras de ovo e o açúcar refinado, bata as claras em neve. Enquando estiver batendo, se desejar acrescente uma pitada de corante em pó (se não os macarons vão ficar cor creme). Três maneiras para saber que a mistura está no ponto:

 a) um bico se forma no batedor


b) a espátula fica de pé no meio da massa


c) você vira o recipiente de ponta-cabeça e tudo fica no lugar! :-)


3) Acrescente metade da mistura farinha de amêndoas + açúcar de confeiteiro. Agora vem um dos pontos-chave: misturar de maneira bem delicada. A técnica que me ensinaram é a seguinte: com uma espátula, saia do centro da massa, em direção ao exterior do recipiente, apoiando a espátula no fundo e levantando a massa ao mesmo tempo. Com a mão esquerda, ao mesmo tempo, vá girando a tigela, um quarto de volta (90° para os engenheiros) por vez. Tá difícil de entender? Apelemos aos amigos da internet:


Vá misturando, quando a primeira metade da mistura em pó já estiver misturada, acrescente a segunda metade e continue.


Mas o ponto-chave mesmo é saber a hora de parar de misturar. O chef da minha aula ensinou o seguinte: pegue uma grande quantidade de massa com a espátula e levante. A primeira “leva” tem que cair de maneira fluida. Se demorar muito para cair, a massa ainda não está fluida o suficiente. Se você parar de misturar neste momento, os seus macarons vão ficar muito estufadinhos e com textura de suspiro. Já se a massa estiver líquida demais, já era, o ponto passou e seus macarons vão ficar parecendo biscoitos.  A massa tem que estar uniforme e fluida, mas nem tanto, e assim os seus macarons vão  ficar estufadinhos mas nem tanto, e com textura entre o suspiro e o biscoito. Complicadinho, né? Nem tanto! :-) Se errar da primeira vez, não desanime! Os meus primeiros macarons ficaram meio biscoito. A segunda tentativa ficou um pouco suspiro demais. Mas mesmo não estando na textura correta, eles são facilmente comestíveis, minhas cobaias (marido, cunhada, cunhado, colegas de trabalho) não reclamaram, muito pelo contrário...

Este momento da receita do macaron é tão importante que os franceses até inventaram um nome para o processo: macaronnage.

4) Quando a massa estiver no ponto, coloque metade em um saco de confeiteiro, com um bico liso. Cubra uma forma plana com papel manteiga. Esprema o saco formando no papel manteiga bolinhas de mais ou menos 2cm de diâmetro – os seus macarons.



Dica n° 4 : utilize um pouquinho de massa como “cola” entre o papel manteiga e a forma, nas pontas, para ele não se deslocar.

Dica n° 5: eu tenho um “tapete” de silicone com as bolinhas já desenhadas. Dupla utilidade: o silicone não gruda, e as bolinhas ajudam muito para fazer macarons do mesmo tamanho. Como acho que este tipo de material não deve existir no Brasil, você pode desenhar os círculos a lápis em uma folha de papel, colocar a folha sob o papel manteiga na hora de fazer as bolinhas, e retirá-la antes de levar ao forno.

Dica n° 6: o ideal é fazer os macarons não de forma totalmente alinhada (vejam o tapete de silicone), para o calor do forno circular melhor.

5) Deixe os macarons repousarem fora do forno, de 15 a 30 minutos. Para saber quando levá-los ao forno, encoste levemente o  dedo na superfície de um macaron – a massa não pode colar no dedo.


6) Leve os macarons em forno pré-aquecido, entre 130°C e 150°C. A temperatura pode variar segundo os fornos, então, mais um ponto que tem que ser testado. O tempo de forno também varia, a “regra” é 12 minutos, abrindo o forno no meio para deixar sair a umidade. Se você estiver assando várias formas, mude as posições no forno a cada 3 minutos. O macaron está assado quando a parte de cima estiver durinha e brilhante, e a parte debaixo com aquele “colarzinho” típico.


Dica n°7: se o seu macaron não está com cara de macaron...
 - macaron muito estufado: “macarronage” insuficiente, da próxima vez misture mais a massa
 - macaron achatado, sem o colarzinho: “macarronage” demais, da próxima vez misture menos a massa
 - macaron com pelotinhas: mistura açúcar de confeiteiro + farinha de amêndoa muito grossa ou úmida
 - macaron com fissuras: repouso insuficiente antes de ir ao forno ou temperatura do forno muito alta
 - macaron “explodiu”: mistura não uniforme ou temperatura do forno muito alta
 - macaron muito seco: muito tempo de forno ou temperatura muito alta
 - macaron muito molenga: pouco tempo de forno ou temperatura muito baixa

7) Tire do forno e deixe esfriar. Descole os macarons do papel manteiga. Separe os “pares” de macarons segundo o tamanho (isto se você é descoordenado como eu e não conseguiu fazer macarons perfeitamente iguais hehehe). Pegue um macaron, coloque o recheio (com um saco de confeiteiro ou com uma colherzinha mesmo), una o segundo macaron. Coloque em uma bandeja e deixe repousar pelo menos 24 horas na geladeira.


Dica n° 8: os macarons são melhores no dia seguinte. O tempo de repouso na geladeira permite que o recheio impregne a casquinha, e dê o gosto e a textura ao macaron.

Idéias de recheio:
- Ganache de chocolate
- Ganache de chocolate branco + cachaça + raspas de limão (para o “macaron caipirinha”, que, acreditem, eu aprendi na aula!)
- Geléias de frutas -  suco + gelatina sem sabor – a textura tem que ser mais dura que uma geléia (para não escorrer) mas menos dura que uma gelatina
- Ganache de chocolate branco + frutas (o chocolate branco é uma boa “base” para recheios de frutas)
- Creme de bauniha

Os macarons da foto são o caipirinha (verde) e com geleia de framboesa (rosa).


sexta-feira, 6 de julho de 2012

Petit post: queijo minas made in France


Hoje saindo do trabalho resolvi passar na Brasiloja, lojinha brasileira que descobri ha pouco tempo e que fica bem perto da minha casa. A ideia era comprar feijão e guarana. Chegando la, olhando a geladeira, o que eu vejo?

- Moça... Isto aqui é queijo minas?
- é sim! Uma mineira que mora aqui na França que faz. O marido dela cria gado, e ela começou a fazer o queijo para vender.

Não resisti, comprei um. E obvio, não resisti, experimentei. Gente, e não é que o danado é bom?

Tinha que ser uma mineira mesmo para resolver fazer queijo no pais dos queijos... E uma neta de mineiro para trazê-lo para casa ;-)


Para os brasileiros na França que ficaram interessados, abaixo o endereço da loja. Melhor dar uma ligadinha antes para checar se tem queijo, porque eles disseram que não tem sempre. Eles obviamente tem varias outras coisas (feijão, guarana, sucos concentrados, farinha, coxinha congelada, mistura de pão de queijo,... até pamonha congelada tinha!) e eles também têm um cantinho para refeições. Não é propriamente um restaurante, ja que é bem pequeno, são so algumas mesas, mas da também para levar para casa. Para checar o prato do dia, é na pagina Facebook da loja.

Brasiloja
16 rue Ganneron
75019 Paris
Métro La Fourche ou Place de Clichy
09 50 56 91 56
www.brasiloja.com

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Petit post: macumba francesa

Hoje saindo do metrô tinha um maluco distribuindo panfletos de um "marabout", que é tipo um macumbeiro.


Diz o folhetinho que resolve problemas de familia, traz a pessoa amada por telepatia, faz passar em exames e atrai o amor. Resultado imediato garantido, pagamento apos os resultados.

Se alguém estiver cansado das macumbas brasileiras e tiver interesse, é so me avisar que eu agendo uma consulta por telepatia. Cobro 50% de comissão. :-)

Bom final de semana!

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Musicas em francês - minhas preferidas

No dia de atualizar a idade ali no cantinho do blog, eu sempre publico alguma bobagem. Vamos continuar a tradição ainda este ano, ja que no ano que vem não farei mais aniversario, vou ficar com 29 o resto da vida hehehe

Hoje vou então publicar a lista das minhas musicas preferidas em francês. Ja aviso que é uma lista totalmente pessoal e sem pretensão e nem logica nenhuma. São musicas que eu gosto e pronto.

1) Elle me dit, Mika

Minha preferida do momento ja faz alguns meses. E de quebra o clip também é legal!


2) Parce qu'on vient de loin, Corneille

Gosto da voz do Corneille e adoro a letra desta musica.


3) Divine idylle, Vanessa Paradis

Melhorou muito desde seu primeiro sucesso, "Joe le taxi", que todo mundo conheceu no Brasil na versão da Angélica. E é a mulher do Johnny Depp, né. Respeito.



4) Toi et moi, Guillaume Grand

Cantor recente - tem varios cantores franceses que são todos meio parecidos, com o mesmo tipo de musica parecida. Mas desta eu gosto bastante.



5) Kiss me forever, Julien Doré

O Julien Doré é meio maluco, como bem mostra o clip desta musica. Em todos os programas de TV em que o vi apresentando esta musica, vinham também os dançarinos com o short ridiculo e a dancinha boba. Eu acho engraçado!



6) La Vie en Rose, Edith Piaf

E para terminar a lista, o classico dos classicos da musica francesa. Tem gente que vai me xingar, mas eu gosto mesmo, e dai? ;-)



terça-feira, 5 de junho de 2012

Roland Garros 2012

Este post vai ser rapido, é mais para dar sinal de vida, afirmar que ainda não desisti do blog não, so andei ocupada demais, e de quebra mostrar umas imagens interessantes para vocês.

Ontem fui a Roland Garros novamente - tive a sorte de conseguir ir em todos os anos em que estive aqui na França, vejam so. Eu gosto muito de tênis, e a época de Roland Garros aqui na França, para quem gosta de tênis, é algo magico: fica todo mundo ligadão no torneio, quase como se fosse Copa do Mundo (mas não vamos exagerar também).

Ontem tinhamos ingressos para a quadra principal (Philippe Chatrier), e vimos alguns jogos interessantes: David Ferrer x Marcel Granollers, Maria Sharapova x Klara Zakopalova , Andy Murray x Richard Gasquet e o final do jogo Jo-Wilfried Tsonga x Stanislas Wawrinka, que não tinha terminado na véspera porque anoiteceu. Ver os jogos pessoalmente é muito impressionante. O legal também de ir a Roland Garros é poder dar uma espiadinha no treino dos jogadores - ontem vimos o Tsonga se aquecendo, por exemplo. E uma experiência muito particular é ver um jogo com qualquer tenista francês : o publico fica tão bairrista, mas tão bairrista, que esquece as boas normas de conduta do publico do tênis (do tipo não vaiar o jogador adverso, não fazer barulho no meio dos pontos, não aplaudir faltas do jogador adverso, ...). O clima é tão diferente que fica engraçado.

Em todo caso, é algo muito legal para qualquer fã de tênis, eu altamente recomendo!

Eu e a quadra central de Roland Garros

Jo-Wilfried Tsonga no aquecimento...

... no (re)inicio do jogo...

... em plena ação ...

... e dando os pulinhos da vitoria!

David Ferrer

Maria Sharapova

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Um outro tipo de montanha, um outro tipo de esqui

No ano passado, Clément e eu fomos passar um final de semana de esqui nos Alpes, e eu contei tudo para vocês neste post aqui. Este ano, também tivemos um fim-de-semana nas montanhas, mas foi um tantinho diferente: um outro tipo de montanha, um outro tipo de esqui.  

Fomos a uma cidadezinha chamada Chapelle des Bois, no maciço do Jura, uma cadeia de montanhas que fica ao noroeste dos Alpes, na divisa entre a França e a Suíça. O Jura é uma cadeia de montanhas mais baixa que os Alpes, seu ponto culminante é o Crêt de la Neige, com 1720 metros, o que pode parecer um pouco nanico ao lado do Mont Blanc e seus 4810 metros. Sendo mais baixas, as montanhas do Jura são menos íngremes, e portanto menos propícias à prática daquele esqui de "descer montanhas", que é o que mais estamos acostumados a ver, e que não por acaso aqui na França é chamado de esqui alpino. No Jura, o tipo de esqui que é mais praticado chama-se esqui de fundo ou esqui nórdico, e é basicamente um esqui de distância: as pistas te levam por um passeio pelas montanhas, com direito a metros e metros de pista lisinha e plana, mas também subidas e descidas no caminho. E tudo isto, com os seus esquis, nada de teleférico.

Antes de vir para cá, eu nem fazia ideia que este tipo de esqui existia. Para mim, esqui era descer montanhas e pronto. O esqui de fundo é bem menos popular que o esqui alpino, acho eu que por duas razões: menos velocidade e adrenalina, e muito mais fôlego e preparo físico. Não é para qualquer um. Mas como vocês sabem, meu caro marido e sua família são esportistas natos. Clément começou no esqui de fundo com 4 ou 5 anos. Meus sogros há anos e anos participam de uma corrida chamada Transjurassienne, que são 76 quilômetros de esqui pelas montanhas do Jura, todo mês de fevereiro. E aí que o Clément resolveu seguir os pais e fazer neste ano o seu "début" na Transju (apelido carinhoso da corrida).

No final de janeiro, fomos então passar o final de semana no Jura para que o Clément pudesse ter um treino um pouco mais próximo da realidade do que andar de patins in-line pelas ruas de Paris. Não me meti a esquiar desta vez, afinal nunca tentei este tipo de esqui e eram só dois diazinhos, muito curto. Aproveitei para passear pela cidade, que na verdade é um vilarejo: sabem que gosto mais destas cidadezinhas do Jura do que das estações de esqui dos Alpes ? Ali, tudo é mais simples, menos badalado, mais autêntico. Como o Jura é mais baixo que os Alpes, tem florestas de pinheiros por todos os lados, o que deixa as paisagens muito mais bonitas, então é gostoso só sair andando pela neve e admirando a paisagem. Para me distrair, no domingo de manhã estava rolando uma corrida de 40 km, e à tarde uma corrida para crianças – muito fofo aqueles toquinhos de gente esquiando.

Pista de esqui de fundo no Jura
Pista de esqui de fundo no Jura
Vista da igrejinha de Chapelle des Bois
Sopa das montanhas, para esquentar...
Envolée Nordique, corrida de 40 km
Envolée des Moineaux, a corrida das crianças
Pistas de Chapelle des Bois (não, gente, quase nada frio, este nariz vermelho é so impressão)
Para esquentar os pés, esqueçam a elegância: Moon Boots e sua camada de espuma para salvar os seus dedinhos do congelamento!
E no final de semana passado, Clément esteve por lá novamente, para a tão esperada Transju, que ele completou em 6 horas e 40 minutos, com muito frio e vento gelado na cara. Pior que acho que ele gostou, né, então quem sabe no ano que vem não teremos mais alguns dias de esqui de fundo e Jura pela frente ?

Transjurassienne 2012 (Fonte: lamontagne.fr)
(Ah, reparem que o Clément tem um « protege-pescoço » com a bandeira do Brasil. Isto deve provocar vários pontos de interrogação na cabeça de quem vê ele passar, não acham ?)

domingo, 22 de janeiro de 2012

Bonjour, je m’appelle Fernandá

Hoje é o meu aniversário de dois anos na França. Ano passado, eu relembrei neste post a história de como vim parar aqui. Neste ano, resolvi fazer um balanço despretensioso e aleatório de alguns aspectos da minha vida por aqui.

Coisas com as quais me acostumei
- Ser chamada de Ferrrrnandá. Assim, com aquele “R” arranhado do francês e transformando a palavra em oxítona. No começo eu achava estranho. Fui acostumando aos poucos. Hoje nem ligo mais, é o meu nome, apenas com uma pronúncia alternativa.

- Ter que subir e descer 6 lances de escada a cada vez que chego ou saio de casa. Em Paris, elevador não é para todo mundo, não.

- Pegar o trem para o trabalho todos os dias e ver que praticamente todo mundo ao redor está mergulhado em um jornal ou em um livro. É raríssimo que algum desconhecido puxe papo com você, assim, do nada, dentro do trem ou do metrô, o que pelo menos comigo acontecia o tempo todo no ônibus no Brasil.

- Ver gente vestida / penteada de todas as maneiras possíveis e ninguém dar a mínima. É turista japonês com cabelo roxo e tênis amarelo, africano com aquelas túnicas coloridíssimas, jovem da periferia cheio de correntes e com o jeans no meio da bunda, velhinhas respeitáveis com as compras da feira, jovens engravatados indo para o trabalho e jovens francesas bem maquiadas mas com penteados estranhos, todo mundo no mesmo vagão de metrô e ninguém está nem aí.

Olha o penteado...
- Acompanhar a previsão do tempo como se fosse novela, e conversar com todo mundo sobre isto.

- Carregar uma sacola de tecido na bolsa para poder fazer minhas compras, já que vários supermercados não dão sacolinhas plásticas. E fazer compras aos pouquinhos, já que aqui não tenho carro, é a pé mesmo (e ainda por cima tenho que subir 6 andares de escada chegando em casa!)

- As greves. Faz tempo que não tem uma, aliás, tô sentindo falta! :-)

Coisas com as quais acho que nunca irei me acostumar
- Tanta gente fumando.  Já falei sobre isto aqui, e minha opinião continua exatamente a mesma.

- O mau humor de vendedores franceses. Não vou generalizar,é claro, mas tem muitos estabelecimentos comerciais que têm um sério problema em prestar serviço aos clientes. Sério: como é que o cara quer que eu continue vindo na padaria dele se ele é mal educado ao me vender uma baguete? Se você não gosta de ser simpático com as pessoas, mude de profissão, vendas não é para você.

- Ver homens crescidos e engravatados indo ao trabalho de patinete. Patinete. Sério. Não adianta, vejo quase todo dia, mas dá “tilt” no meu cérebro. Ele não processa.

Homem de camisa e calça social, esperando o trem ao sair do trabalho... e carregando o patinete!
- Todo mundo desejando feliz ano novo durante o mês de janeiro inteiro. Muito estranho, mas é assim. Você não viu alguém ainda em 2012 e vocês se encontram para almoçar no dia 20 de janeiro? Seu amigo francês vai chegar falando: “Ah, a gente ainda não se viu, bonne année!”.

- Franceses tirando sarro por causa da Copa de 1998. O Zidane já se aposentou faz tempo, né, gente, vamos moderar?

- Brasileiros que vem para cá e depois ficam dizendo que francês não toma banho mesmo, afinal vejam só como o metrô de Paris fede. Os meus amigos queridos não fazem isto, claro (beijo!), mas virou mexeu eu acabo ouvindo estas coisas de algum conhecido, alguém que eu encontro em uma festa, etc. Duas perguntas para estas pessoas:  
1) Você já pegou ônibus lotado às cinco da tarde em São Paulo? Achou cheiroso? Mesmo? 
2) Você acha realmente que eu teria casado com um francês e moraria aqui se eles não tomassem banho? :-)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Feriado prolongado - parte 1: Reims, Verdun, Luxemburgo

Aqui na França não é o dia 2 de novembro, Finados, e sim o dia 1º de novembro, dia de Todos os Santos, que é feriado. Portanto, neste ano tivemos um feriado prolongado, em que aproveitamos para fazer uma pequena viagem pelo leste da França, para ver alguns lugares que eu ainda não conhecia. O objetivo principal da viagem era conhecer a Alsácia, mas como tínhamos 4 dias inteiros e resolvemos ir de carro, acrescentamos algumas paradas extras. Vou então dividir o relato da viagem em dois posts, começando neste aqui.
No primeiro dia, saímos cedo de Paris e fomos até Reims, maior cidade da região francesa  Champagne-Ardenne, bastante conhecida pela sua imensa Catedral em estilo gótico e pelos seus fabricantes de... champagne, claro!  Nossa visita a Reims foi rápida, de passagem mesmo, mas fizemos duas atividades básicas: a visita da Catedral, muito antiga e bem conservada, onde foram corados diversos reis franceses, e a visita de uma “Cave” de champagne. “Caves" são as adegas onde as garrafas de champagne são estocadas para envelhecimento. Na cidade de Reims, há uma verdadeira rede subterrânea de caves, que são na verdade antigas zonas de extração de calcário – às vezes bem antigas, até do século IV! Hoje todas estas galerias estão divididas entre alguns prestigiosos fabricantes de champagne. Nós visitamos a Maison Taittinger, que, segundo o que nos foi explicado, fica no local onde havia uma antiga Abadia, destruída durante a Revolução Francesa – no subsolo, entretanto, restam vestígios desta abadia (os monges já utilizavam as antigas carreiras de calcário como adega). A visita custa 14€ por pessoa, pode ser em francês ou inglês (depende do horário) e dá direito a diversas explicações sobre a maison, as adegas e o processo de fabricação do champagne, e também a uma taça de degustação no final.
Caves de champagne da Maison Taittinger - Reims

As garrafas são colocadas nestes suportes quando o envelhecimento ja esta completo. A posição é para favorecer a decantação do deposito que se forma na bebida (que devera ser eliminado antes da venda).


As adegas são imensas... apenas neste "cantinho", mais de 72 mil garrafas de champagne...


Quando o champagne esta pronto, ganha um belo rotulo e rolha...

... e é comercializado ao redor do mundo!


Catedral de Reims

Catedral de Reims - interior


Catedral de Reims - detalhe da rosacea

Depois de Reims, seguimos em direção a Verdun, onde visitamos alguns locais históricos da Primeira Guerra Mundial. Começamos pela “Butte de Vauquois”, ao pé da letra “Monte de Vauquois”, que um dia já foi um monte onde um dia existiu um vilarejo chamado Vauquois. Como a região é bastante plana, esta pequena colina foi considerada um local estratégico e foi ocupada pelos alemães logo no início da guerra, em 1914. Os franceses retomaram o monte em 1915, e começou então o que é chamado de “guerra de posições”: trincheiras alemãs de um lado, francesas do outro, os soldados cavavam túneis para atingir o lado inimigo e então detonar explosões com minas, para causar o maior número de baixas possíveis. Mais de 14000 soldados ali morreram, a Butte de Vauquois só foi liberada em setembro de 1918. Hoje ficaram no local as trincheiras, restos de arame farpado, e os enormes buracos de explosões. Impressionante.
Depois, fomos a Douaumont, onde há um Ossuário onde estão ossos encontrados nos campos de batalha e, na frente, um cemitério de guerra, com túmulos de 15000 soldados franceses identificados. O outro monumento que visitamos foi a “Tranchée des Baïonettes” (trincheira das baionetas), que tem uma história curiosa (e um pouco controversa): soldados que estavam em sua trincheira teriam sido enterrados vivos pela terra ejetada por explosões de minas, e foram descobertos mais tarde apenas porque as pontas de seus fuzis, com suas baionetas, emergiam da terra. Um monumento foi construído em 1920 sobre a trincheira, e os soldados continuam ali enterrados, de pé.

Butte de Vauquois - buracos feitos pelas explosões de minas. Reparem no arame farpado à direita na foto.

Butte de Vauquois - Trincheira da 1a Guerra Mundial


Butte de Vauquois - Trincheira da 1a Guerra Mundial


Douaumont - Cemitério francês da 1a Guerra Mundial
Após estas visitas históricas, mas um tanto tristes, resolvemos mudar de país e seguimos rumo a Luxemburgo! Luxemburgo é um pequeno país, com apenas 2586 km quadrados e 500 mil habitantes, mas  é um dos países fundadores da Comunidade Europeia e tem o maior PIB per capita do mundo. Luxemburgo tem um Duque e um primeiro ministro, ali se fala luxemburguês, francês, e alemão, e há 15% de portugueses na população – fiquei impressionada, ouvimos muito português na rua!
Nós visitamos apenas a capital, Luxemburgo, que é uma cidade fortificada desde as épocas romanas, fortificações que foram evoluindo ao longo da história. O centro antigo da cidade é chamado de “cidade alta”, porque está no alto de falésias, que foram o vale dos dois rios que passam por ali. A cidade tem então vários níveis, e pontes e viadutos impressionantes que cortam o vale e ligam as diferentes regiões. Luxemburgo tem também muitas árvores, muitas áreas verdes – e como estamos no outono, elas não eram simplesmente verdes, mas multicoloridas! Um espetáculo, eu adoro as cores do outono.
Vista do centro de Luxemburgo, encarapitado no alto da falésia (foto um tanto palida por causa da nevoa matinal...)


Luxemburgo tem um Duque. E onde tem nobreza, tem guardinhas "fantasiados" na porta...


Brasão do Grão-Duque de Luxemburgo

Luxemburgo - vista da parte baixa da cidade

Luxemburgo

Luxemburgo
Depois de Luxemburgo, seguimos para Strasbourg e atacamos então o objetivo principal da viagem: a Alsácia. Mas isto é assunto para o próximo post!
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