domingo, 19 de junho de 2011

Jantar de aniversário - Café Constant

No sábado passado, meu aniversário, eu queria ir jantar em um lugar que ainda não conhecesse, que servisse coisas gostosas e tradicionais francesas, mas fugindo do básico. E de preferência, que não custasse os olhos da cara. Parece difícil, não? Pensei um pouquinho e a escolha foi o Café Constant, por 3 motivos: 1) foi recomendado pelos nossos amigos Ronan e Juliette, que estiveram lá há alguns meses, adoraram e deixaram até um cartãozinho em casa 2) já foi recomendado também no Conexão Paris, o que para mim é uma excelente referência (vejam os posts aqui e aqui) e 3) o chef é brasileiro (um conterrâneo se dando bem nas cozinhas francesas!) e o outro chef-proprietário é Christian Constant, famoso chef  francês, que tem outros restaurantes bem reconhecidos em Paris e que recentemente até participou como jurado da versão francesa do reality show de cozinha "Top Chef" (momento confissão: sim, eu assisto – e adoro! – reality shows de cozinha hahaha)

O Clément topou a escolha e lá fomos nós, rumo ao restaurante, que fica próximo ao metrô Ecole Militaire, do ladinho da Torre Eiffel (adoro!). O restaurante não faz reserva, chegamos por volta de 20h30, então preparados para esperar um pouquinho. Deixamos o nome com a atendente do bar (simpática) que nos informou que demoraria uma meia hora, nós então resolvemos ir dar uma volta para a ver a Torre (não resisto). Voltamos 15-20 minutos depois, a ideia era pedir uma taça de rosé no bar para terminar a espera, mas nem deu tempo, logo chamaram a gente para uma mesa. O restaurante tem dois andares, pegamos uma mesa no 1º. É estilo restaurante parisiense mesmo, bem apertadinho, não vá esperando privacidade porque você vai sim ouvir a conversa dos seus vizinhos. Mas beleza, nós estamos acostumados e já sabíamos, então sem surpresas. Como era "jantar de festa", fomos no esquema tradicional: entrada, prato e sobremesa, acompanhado por uma garrafa de vinho tinto. As escolhas foram:

Entrada – Tarte fine de gambas grillées, salade de pousses d’épinard et sauce citronnelle


O que é: torta fina folhada com camarões graúdos grelhados (gambas), salada de brotos de espinafre e molho de citronela (prima da erva cidreira). O molho parecia uma espuma de tão leve, e os camarões estavam suculentos!


Entrada – Tartare de saumon, huîtres et bar relevé au gingembre


O que é : tartare de salmão, ostras e robalo temperado com gengibre.
"Tartare" é um modo de preparo culinário que consiste em cortar carne (tradicionamente carne bovina, mas em versões modernas peixes e até mesmo legumes) em pedaços bem pequenos (ou então moer) e servir cru.  Neste caso o tartare é servido nas conchas das ostras, que por sua vez vêm sobre uma camadinha de sal grosso, achei charmoso! 


Prato – Parmentier de cuisse de canard croisé, pommes gaufrettes et salade mesclun


O que é : "escondidinho" de coxa de pato, batatas em forma de gauffres (waffles) e salada.
Muito antes da aparição do escondidinho de carne seca no Brasil, os franceses já haviam inventado o "hachis parmentier" ou simplesmente "parmentier" : carne bovina moída refogada, recoberta de purê de batata e gratinada com bechamel e queijo). Um clássico. Nesta versão moderna, a carne de boi é substituída por pato, o refogado tinha também cogumelos que davam um sabor sensacional, e ainda tinha uma coxa de pato inteira ao lado. Não tinha bechamel e queijo, mas sinceramente, nem precisava.


Prato – Basse côte de la Blonde d’Aquitaine, purée de mon enfance


O que é: basse côte é um corte de carne bovina. Comparando um "mapa do boi" francês com um brasileiro, seria a parte alta do acém. Mas sei lá, eu não entendo muito de mapas de boi e como o corte é diferente, tudo é diferente. A Blonde d’Aquitaine é uma "vaca de grife", a carne é conhecida por ser muito macia. E purée de mon enfance era um "purê de batatas da infância". Muito cremoso, excelente.


Sobremesa – Quenelles au chocolat noir, crème anglaise


O que é: Quenelle normalmente é um prato salgado, são bolinhos feitos à base de farinha, com temperos, às vezes com um pouco de peixe na massa, e servido com molhos. Comi quenelles acho que duas vezes na vida e achei meio sem graça. Mas estas quenelles de chocolate amargo, que eram na verdades "bolinhos" feitos de pura ganache de chocolate, que delícia! “Crème anglaise” ou creme inglês é um creme perfumado com baunilha, que aqui na França se serve frio com vários tipos de sobremesa.

Sobremesa – Profiteroles maison, sauce chocolat chaude


O que é: Clássico, mas que neste caso dava para ver que era fresquinho e preparado na hora. Os “choux”, bolinhos, cortados ao meio, a bola de sorvete de creme, e a calda de chocolate quente veio em uma jarrinha separada e foi despejada por cima pelo garçom no momento de servir.

O vinho que acompanhou tudo isto foi um Bourgogne. Bom vinho, preço correto (27€).



No almoço, o Café Constant tem menus entrada + prato ou prato + sobremesa a 16€, entrada + prato + sobremesa custam 23€. No jantar, é à la carte, fica um pouco mais caro: as entradas custam 11€, os pratos 16€ e as sobremesas 7€. Nossa conta deu então um pouco menos de 100€, o que eu considero um custo-benefício excelente: produtos de qualidade, pratos saborosos e com apresentação original, clássicos mas saindo do comum. Além de tudo atendimento simpático, rápido, sem frescuras mas sem enrolação. Atendeu minhas expectativas, então fica aqui a recomendação.

Café Constant
139 rue Sainte Dominique
75009 Paris
Metrô : Ecole Militaire (linha 8)

Um comentário:

Taciana disse...

Olha a inspiração da Conexão Paris aqui! Poderiam até reproduzir lá esse post, hein, fér!

Fiquei com vontade de comer essas sobremesas. Tudo que é chocolate meio amargo, amargo, me atrai. O profiteroles você não disse, mas a calda parece bem escura para ser chocolate ao leite!

Bjs,

taci

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